quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O que se passa nas cabeças das pessoas?


Vocês já chegaram a pensar o que realmente querem? Por mais simples que possa parecer a resposta, esta é uma pergunta complexa. Dentre tantas coisas, o que estamos buscando? Se tomássemos o hinduísmo como um todo, veríamos que ele diz: Você pode ter tudo aquilo que deseja.
A primeira coisa que as pessoas querem é o prazer. Somos duais, portanto o instinto animal está presente. Nascemos com receptores prazer inerentes. Se os ignorássemos, deixaríamos a mão sobre um fogo quente ou nosso corpo não reagiria durante uma situação iminente de perigo, com isto não viveríamos muito tempo.  O mundo está tão cheio de belezas, tão cheio de deleites sexuais…
É natural pensarmos no asceticismo, mas para a pessoa que quer prazer, a Índia diz: vá procurá-lo. Ela não faz do prazer o seu maior bem, mas também não condena o desfrute do prazer. Porém, o hedonismo requer bom senso. Nem todo impulso pode ser seguido impunemente – existe o carma. Impulsos para ferir os outros, mentiras, roubos e traições por lucros imediatos devem ser ignorados, por exemplo. Se é o prazer que você quer, procure-o de forma inteligente, sem sucumbir aos vícios.
Os hindus dizem isto e esperam. Esperam que todos, mesmo que não seja nesta vida, chegue a conclusão de que isto não é tudo o que desejamos, não porque seja mau, mas por ser demasiado trivial para satisfazer a natureza total do ser humano. Quando ele chega, mudamos os nossos interesses para a segunda meta da vida, que é o sucesso mundano com seus três ramos: riqueza, fama e poder.
Também esse é um objetivo digno, que não deve ser escarnecido ou condenado. Suas satisfações perduram por mais tempo, pois o sucesso, ao contrário do prazer, é uma conquista social e, como tal, envolve a vida dos outros. Por isso, o sucesso comanda alcance e importância muito além dos concedidos pelo prazer. Além disso, uma quantidade módica de sucesso é indispensável para mantermos o lar e desincumbir-se responsavelmente dos deveres profanos. Mas, no fim, todas as recompensam acabam.
Riqueza, fama e poder são exclusivos, logo competitivos. O que eu tenho é meu e você não pode tê-lo. A ideia de um país onde todos são famosos e ricos é falsa, pois o poder estaria igualmente dividido. Através da competitividade, quem sabe quando o sucesso mudará de mãos?
O impulso para o sucesso é insaciável. As pessoas fazem dele a sua principal ambição que seus anseios não satisfazem. “A pobreza não consiste na diminuição das posses de uma pessoa, mas no aumento de sua ganância”, argumentava Platão. “Se conseguisses todas as riquezas do mundo inteiro, ainda restariam mais riquezas e a falta delas te deixaria mais pobre”, concordando o teólogo Gregoris Nascimento.
Outro problema do sucesso e também do '' hedonismo é que seu sentido é excessivamente centrado no eu'', que sempre se mostra pequeno demais para um entusiasmo perpétuo. Mesmo tendo o que estipulamos como meta, sabemos que falta muito para o que realmente queremos e acabamos sempre criando novas metas, numa busca insaciável. No final, todos temos a perspectiva que “do mundo nada se leva” ou, como dizia os meus avós, “no fim só levamos areia na cara”…
O problema está na profundidade na qual o Eterno está enterrado sob a massa de distrações, premissas falsas e institutos autocentrados que compreendem a superfície do nosso eu. Pó e sujeira se acumulam sobre uma lâmpada até encobrir totalmente a sua luz. Devemos então limpar o entulho que encobre o nosso ser, permitindo que nosso centro infinito possa se mostrar em sua luminosa plenitude.

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